"Que as palavras que eu falo não sejam ouvidas como prece e nem repetidas com fervor: apenas respeitadas, como a única coisa que resta a um[a mulher inundada] de sentimentos." (OM)

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Rugido da vela



Imersos no escuro do templo, palavras iam e vinham em todas as direções. De onde o fogo beijara a vela outrora num intenso clarear de emoções, ele perguntou.
"Quem 'tá aí?" e ela...
"Eu."
Não sei que imã invisível agiu, não sei que fluido inebriante, que névoa instigante, que véu os enlaçou.
Ao início, o néctar. A procura certa de quem estava ao lado, sem saber que procurava.
O nariz encontra o pescoço, a boca encontra o rosto, e a face passeia suave ao encontro inesperado. A respiração cessa assustada, o coração pára sem compreender, enquanto elas se unem sem perceberem. Elas estão tão certas de si que consomem o corpo com o mesmo ímpeto das velas de outrora. Boca e boca.
Um pingo miúdo e intenso de luz que ruge ao explodir.
Um olhar. "Te amo". Um susto.
O eu-te-amo mais curto e mais sincero que já se deu no mundo. Não houve medida.Não houve querer posterior.