"Que as palavras que eu falo não sejam ouvidas como prece e nem repetidas com fervor: apenas respeitadas, como a única coisa que resta a um[a mulher inundada] de sentimentos." (OM)

domingo, 5 de setembro de 2010

Momentos


Assim como num filme de cinema
Você falou, e eu não acreditei
E te olhei, e vibrei
E fui correndo pros seus braços
Pulei e já não via mais nada
Apenas seus olhos verdes
Como um mar calmo
Você abaixou a cabeça
Como um bichinho manso
Que precisa de carinho
Um sorriso singelo e sincero
Meio envergonhado talvez
Não era um simples abraço
Nossas almas se entrelaçavam
Nossos olhos cintilavam
Éramos como dois rios
Um verde e um azul
Que finalmente se encontravam
Depois de um longo percurso
E se juntavam fervorosamente
De tanta felicidade por algum motivo
E eu girava, girava e não pensava em mais nada
Não era a chuva que caía
Mas estávamos dentro dela
Minhas pernas tremiam sozinhas
Não havia beijo pra selar
Nem um amor sensual a dar
Haviam apenas duas almas
Que depois de se olharem através dos olhos
Viam o quão bela podia ser uma amizade
Um amor de amigo
Mútuo e sem maldade
Tão intenso que eu podia jurar
Que duraria pela eternidade
Talvez a amizade até se perca
Pelo contato distante
Mas aquele momento era eterno
Onde um precisava
Da ajuda do outro
Como os pés que precisam da cabeça
Para os guiarem

2006 

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Campos Distantes



Eu te colho a cada dia
Como se colhe a flor dos campos...

Na aurora ainda adormecida
Ressoa o perfume do verde manto
E na elipse de lucidez
Vai a figura formando

A cada rutilar do vento,
A cada rugir do pensamento,
Teu nome tem gosto
Teu jeito, canto

Na confusão do doce timbre
Não querer que eu adivinhe
Querer dizer-te me leva,
Me enleva à doce quimera!
Mesmo diante da ausente face
Ainda que sem ti, presente faz-se
Esse efêmero sorrir

Tati Valença