"Que as palavras que eu falo não sejam ouvidas como prece e nem repetidas com fervor: apenas respeitadas, como a única coisa que resta a um[a mulher inundada] de sentimentos." (OM)

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Olhos, nus olhos




Ai, aqueles olhos que me olham...
Me engoliram, os meus olhos,
Mesmo não sendo meus!

O par que me invade
Alma, vida, corpo
Infinita felicidade
E vai parar além:

Além dos céus, além das estrelas
Por trás dos negros buracos
(Ininteligíveis e sinceros espaços)

Os olhos que brilham os olhos
E quando me olham intensamente,
profundamente... Ah!
Esses olhos que me olham
e são meus os olhos que não são.

- Eles -
Hipnotizam feito mundo
feito as grandes pequenezas deste mundo
Lindo. Olhos. Único.
Todos os dois que eu consigo olhar
E me assaltam, me tomam, me confortam
Assim que só eles,
aptos, hão de me amar.

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Pedro Pedreiro, a seu dispor

Entrou no ônibus num gingado. Pôs óculos escuros na cara, anel de ouro barato. Um riso sutil e satisfeito de maturidade. Nos cabelos, um pouco do grisalho da idade.
Sentou do lado da moça nova, mas nos olhos fazia só lembrar o baile do fim de tarde, a próxima noite ao luar. Senhor? Sim. Morto? Jamais. Melanina e testosterona pra vender. Mais uma viúva senhora pra comer.
Pedro, pedreiro, pintor, encanador, eletricista. Quebra-galho a seu dispor. Encantado com o gingado da madura flor.
Sexta-feira é todo dia: cerveja, baile, mulher; logo depois da ardura da labuta, do suor da obra garrida.
Tomar banho, vaidade aflorar, água de colônia barata e só chegar.
Enquanto o García, empresário, ganhando a bufunfa (e o negócio que não funfa!). Patroa em casa, esmalte na mão, esperando pra dar sermão; e pegar a dinheirama pra se plastificar (e menos o homem olhar).
Porque o García trabalha também de sexta, sábado e domingo, até mais tarde. O trabalho é árduo não, a grana que é alta. Mas a vida, ah meu amigo, a dele é uma bosta.