Entrou no ônibus num gingado. Pôs óculos escuros na cara, anel de ouro barato. Um riso sutil e satisfeito de maturidade. Nos cabelos, um pouco do grisalho da idade.
Sentou do lado da moça nova, mas nos olhos fazia só lembrar o baile do fim de tarde, a próxima noite ao luar. Senhor? Sim. Morto? Jamais. Melanina e testosterona pra vender. Mais uma viúva senhora pra comer.
Pedro, pedreiro, pintor, encanador, eletricista. Quebra-galho a seu dispor. Encantado com o gingado da madura flor.
Sexta-feira é todo dia: cerveja, baile, mulher; logo depois da ardura da labuta, do suor da obra garrida.
Tomar banho, vaidade aflorar, água de colônia barata e só chegar.
Enquanto o García, empresário, ganhando a bufunfa (e o negócio que não funfa!). Patroa em casa, esmalte na mão, esperando pra dar sermão; e pegar a dinheirama pra se plastificar (e menos o homem olhar).
Porque o García trabalha também de sexta, sábado e domingo, até mais tarde. O trabalho é árduo não, a grana que é alta. Mas a vida, ah meu amigo, a dele é uma bosta.
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