Desculpa se
não te amo porque és homem,
Mas não te
amo porque és homem.
Julgo-me
pessoa compreensiva
Mas jamais
entenderei o “dever de amar”:
“Deves amar”
alguém do sexo oposto,
Alguém de
mesma cor, mesma crença,
Mesma terra
de nascença, mesma classe popular.
Como se amar
fosse dever...
Como se
assim se pudesse amar...
Eu não, não
te amo porque és homem.
Do tal sexo
masculino há por aí pencas
Quase todos
tentando estar sob “os mesmos”:
Os mesmos
traços, pesos, jeitos e trejeitos,
A mesma cabeça,
formato, os mesmos parâmetros.
Como se se
pudesse botar o mundo todo
Numa única caixinha
minúscula!
Como se só
houvesse dois tons:
Serás azul
ou rosa.
Eu, Homo
sapiens multitons
Confesso-me
atraída por ti
Por teus
pelos, tua barba, tuas linhas
Teu corpo
inteiro... acho-te lindo!
Confesso
também que no mundo há:
Multitons de
beleza, de jeitos e sabores
Com e sem
barbas, com e sem pelos
Com e sem
órgãos no vão entre as pernas.
(Há muita
beleza na espécie humana,
Convido-te a
admirar!)
Mas o que me
faz amar-te é tão somente o ser:
O ser que és no teu inteiro.
O vão que me
interessa é o dos teus lábios,
O espaço
entre teus braços e abraços;
Entre teus
dentes, formando teu sorriso;
O vão que a
luz invade na tua íris,
Mostrando-me
tuas profundezas;
Entre teus
traços na pele,
Mostrando-me
tuas vivências.
E que se
foda o azul e o rosa,
Juntos somos
um arco-íris inteiro:
Iridescente,
brilhante,
Cada nova cor
a cada novo ângulo.
Chamamo-nos
namorados,
Sabemos que
não somos, não desse tal jeito perpetuado.
Não temos
contratos, fazemos nosso cada novo dia.
Eu vejo
milhares de contratos quebrados todos os dias,
Símbolos vazios
de significados, sorrisos tristes,
Olhares de
mentira, palavras em vão.
Meu amor,
como podemos botar coisas tão diferentes no mesmo saco?
Não és meu,
não sou tua.
Não te
possuo, não me possuis.
Nosso amor
há de ser livre, de outro jeito não há!
Quando
digo-te que és o meu amor
É porque és
desta forma apenas meu:
O amor que
sinto por ti é apenas meu.
E tu és o
meu amor porque és tudo o que o torna vivo,
Vivo o meu
amor que é meu,
O amor que
sinto e tenho pra mim.
E nesse amor
livre somos livres:
Livres
também para acompanhar um ao outro,
E para que sejamos
únicos se assim desejamos.
Não
precisamos de coleiras, amarras, anéis,
Promessas,
contratos, obrigações,
de caixas
organizadoras do que somos
Ou do que
deveríamos ser.
Somos no
mundo.
E onde quer
que eu vá
Voamos juntos,
pulsamos juntos,
Amamos juntos:
a nós e ao mundo.
Vivemos no
mundo.
E então
quando te encontro
E nos
olhamos nos olhos:
Nos olhamos
nos olhos...
-É... És.
Sou. Somos.-
Profundamente.
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