"Que as palavras que eu falo não sejam ouvidas como prece e nem repetidas com fervor: apenas respeitadas, como a única coisa que resta a um[a mulher inundada] de sentimentos." (OM)

sexta-feira, 2 de abril de 2010

Assassina


Era uma dessas tardes de outono quando se tem frescor e um vento carregando as folhas secas. Trazia nas mãos o frio e no peito um tremor incerto. Não tinha a certeza do que iria fazer, mas algo em si movia-se lentamente na fração de segundo anterior que seu corpo cansado dava os passos. A mente estava ocupada por um vazio atônito ao que a face demonstrava apenas um leve enrugar por entre as sobrancelhas.
Era assim que tinha que ser.
Chegou à praça semi-deserta e lá estava ele: sentado de capa por entre as folhagens, apoiado na árvore. Trazia nas mãos o bater impaciente que guardava dentro do bolso. O horizonte era atravessado por seu olhar.
- Uma hora e meia.
Ela nada respondeu. Não havia do que se desculpar. Olhou para a copa da árvore, respirou fundo e agiu.
Assassina.
Assassina.
Assas...
Repetia a si mesma. Havia matado seu amor. E este por sua vez não teve velório, enterro ou lágrimas. As flores já estavam secas porque era outono. Não deixou pertences ou tantas lembranças. Foi como se desintegrasse no ar.
Apenas deixou saudades vazias.

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