"Que as palavras que eu falo não sejam ouvidas como prece e nem repetidas com fervor: apenas respeitadas, como a única coisa que resta a um[a mulher inundada] de sentimentos." (OM)

quarta-feira, 23 de junho de 2010

Teu caderno


“Eu só peço a você um favor, se puder, não me esqueça num canto qualquer.”
(Vinícius de Moraes)


Eu sou o teu caderno.
Um caderno de folhas alvíssimas em que preencheste com tua história.
Em mim, gravado em tinta preta, que não apaga, e em caligrafia torta, estão os teus segredos, às vezes borrados em gotas para que ninguém tome conhecimento; estão as tuas promessas, estas em letras garrafais; estão todos os teus planos pro futuro, vindos de um passado feliz e distante em experiências.
Um dia, pois, esquecestes teu caderno por aí.
Outros usaram. Tentaram escrever nele, mas só havia lápis. Jogado na rua, pisado em cima. Teu caderno sempre protegido em teus braços foi parar no meio do frio e da chuva, e teve que aprender na marra a agüentar as intempéries e tempestades.
Uns tentaram pegar o caderno e cuidar do caderno, entretanto, há nele o teu nome gravado e, sendo assim, te pertence e era novamente deixado de lado.
Há que se ocorrer um reencontro de papel para luz dos olhos do escritor, e há que se decidir o destino do teu caderno.
Ou continuas a escrever tua história com final feliz (ou outro final qualquer), ou arranca todas as folhas escritas por ti junto de teu nome. Caso contrário, este será apenas mais um caderno sujo, úmido e borrado, que só conhece histórias tristes.

Vinte e dois do seis de dois mil e dez, a R.C.

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