
Eu olhava pela janela quando algo curioso aconteceu. Um casal, um pequeno casal com brilho no olhar se despedia em frente ao trem. Um abraço apertado daqueles que tentam segurar o momento com as mãos, e os braços se afastando levemente durante eternos segundos, quando na iminência de se largarem, visto que ela não agiria por determinação, ele a puxou. Abraçaram-se. Beijou-a, de início um não, um quase sim, uma correspondência e finalmente um não. Era não, mas era um não ir embora também. Para ela, largar o passado era difícil, se desfazer das velhas histórias, dos velhos objetos, dos velhos sentimentos... Uma questão de sofrimento. Sentaram-se. Ele tentou, ela deixou. Deixou que beijasse seus lábios, seus olhos, sua face toda como nunca antes alguém beijara, nem mesmo ele. Deixou e não entendeu o porquê de tudo aquilo, já que antes era ela que o tinha feito sem um olhar sincero de retorno. Dois jovens cheios de defeitos. E daí? Acontece que o tempo passa, e este não perdoa. Vamos? Vou então. Não. Vou. Foi. Sem olhar pra trás foi. Aquele trem porém demorou mais que os outros. Destino? Talvez. Ela sempre acreditou em destino. Era tempo suficiente pra ela sair daquele vagão e dizer o sim, e fazer o sim - cinematográfico - com direito a aplausos dos presentes e rodopio sentimental. Mas de que adiantava se ele nunca acreditou em destino? O trem demorou ainda ali, tentando fazer com que um dos orgulhosos abrisse mão de alguma coisa que era pra acontecer, o trem tentou mais que os dois, e sem sucesso fez o barulho cotidiano e fechou as portas lentamente. Acabou. A minha história seria diferente se eu fosse aquela menina, mas aquela já não era mais a minha história, já não era mais o meu presente.
Foto: filme Slumdog Millionaire
'Para ela, largar o passado era difícil, se desfazer das velhas histórias, dos velhos objetos, dos velhos sentimentos... '
ResponderExcluirEita...!! É o que tenho a dizer, me ganhou nessas palavras, e nesse questionamento tão coerente de :sim ou não destino... Momentos em que o trem estranhamente demora mais tempo pra se mover, mais tempo do que deveria pra trancar as portas. Sensibilidade de notar momentos como esse, acredito, são capaz de mudar muita coisa.(Pareceria ingenuidade dizer: mudar o mundo?)srsrs
Lindo!
Detalhe: Metade, do Oswaldo, amo essa música profundamente!
ResponderExcluirTatiiii, é vc?
ResponderExcluirTe indiquei humildemente no meu humilde blog...vc é minha alma gema! rsrsrs
ResponderExcluirmeu e-mail: thais.nogue@yahoo.com
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