A menina por trás dos óculos vê um mundo embaçado,
desagradável ao olhar alheio.
Um mundo onde o jeito é mais bonito que a forma,
E o frescor do toque é mais agradável que os modos.
A menina-dos-óculos não gosta de tê-los
e o mundo perfeito a faz enxergar os defeitos.
Eles lhe escondem o rosto a face os olhos o mundo,
tornando-a algo a quem ser não deseja
(é comum o redor mudar gente e o vento as pedras).
E covarde, atira-se na caixinha do mundo perfeito
cheio de defeitos.
Mas: muito embora os óculos lhe mudem os olhos e a face,
o jeito e o embaralhar da imagem
e façam ainda as cores pararem de se misturar
tirando-lhe o arco-íris e o frescor
Quem vê o mundo diferente, timidamente
Trará sempre o mesmo olhar:
Com óculos, sem óculos...
Com óculos, sem óculos...
Não há nada a fazer, nada se pode mudar.