"Que as palavras que eu falo não sejam ouvidas como prece e nem repetidas com fervor: apenas respeitadas, como a única coisa que resta a um[a mulher inundada] de sentimentos." (OM)

segunda-feira, 22 de dezembro de 2014

Não te amo porque és homem

Desculpa se não te amo porque és homem,
Mas não te amo porque és homem.

Julgo-me pessoa compreensiva
Mas jamais entenderei o “dever de amar”:
“Deves amar” alguém do sexo oposto,
Alguém de mesma cor, mesma crença,
Mesma terra de nascença, mesma classe popular.
Como se amar fosse dever...
Como se assim se pudesse amar...

Eu não, não te amo porque és homem.
Do tal sexo masculino há por aí pencas
Quase todos tentando estar sob “os mesmos”:
Os mesmos traços, pesos, jeitos e trejeitos,
A mesma cabeça, formato, os mesmos parâmetros.
Como se se pudesse botar o mundo todo
Numa única caixinha minúscula!
Como se só houvesse dois tons:
Serás azul ou rosa.

Eu, Homo sapiens multitons
Confesso-me atraída por ti
Por teus pelos, tua barba, tuas linhas
Teu corpo inteiro... acho-te lindo!
Confesso também que no mundo há:
Multitons de beleza, de jeitos e sabores
Com e sem barbas, com e sem pelos
Com e sem órgãos no vão entre as pernas.
(Há muita beleza na espécie humana,
Convido-te a admirar!)

Mas o que me faz amar-te é tão somente o ser:
O ser que és no teu inteiro.
O vão que me interessa é o dos teus lábios,
O espaço entre teus braços e abraços;
Entre teus dentes, formando teu sorriso;
O vão que a luz invade na tua íris,
Mostrando-me tuas profundezas;
Entre teus traços na pele,
Mostrando-me tuas vivências.

E que se foda o azul e o rosa,
Juntos somos um arco-íris inteiro:
Iridescente, brilhante,
Cada nova cor a cada novo ângulo.
Chamamo-nos namorados,
Sabemos que não somos, não desse tal jeito perpetuado.
Não temos contratos, fazemos nosso cada novo dia.
Eu vejo milhares de contratos quebrados todos os dias,
Símbolos vazios de significados, sorrisos tristes,
Olhares de mentira, palavras em vão.
Meu amor, como podemos botar coisas tão diferentes no mesmo saco?

Não és meu, não sou tua.
Não te possuo, não me possuis.
Nosso amor há de ser livre, de outro jeito não há!
Quando digo-te que és o meu amor
É porque és desta forma apenas meu:
O amor que sinto por ti é apenas meu.
E tu és o meu amor porque és tudo o que o torna vivo,
Vivo o meu amor que é meu,
O amor que sinto e tenho pra mim.

E nesse amor livre somos livres:
Livres também para acompanhar um ao outro,
E para que sejamos únicos se assim desejamos.
Não precisamos de coleiras, amarras, anéis,
Promessas, contratos, obrigações,
de caixas organizadoras do que somos
Ou do que deveríamos ser.

Somos no mundo.
E onde quer que eu vá
Voamos juntos, pulsamos juntos,
Amamos juntos: a nós e ao mundo.
Vivemos no mundo.
E então quando te encontro
E nos olhamos nos olhos:
Nos olhamos nos olhos...
-É... És. Sou. Somos.-
Profundamente.

sábado, 7 de junho de 2014

Man, do not fall.

M. Nature, I called you, but maybe you didn’t understand it. Don't pretend that you’re ‘deaf’ cause I know that you are not, or you'll make me scream!  Please do, please do something. Take it. Avoid it. Just don't let that happen… He can’t fall this window, this tiny hole of life!  Come here, man, do not fall. Do-not-fall. You have to fly firstly… The world has to see you flying (I saw you training, and your flight is so beautiful…). You’re younger… You’re one of my few sweeties. You CANNOT fall! You are a good boy with a big smile and a huge heart. I know boy, relying on me, I’ve been far.  But, actually, here inside, in this fluid space of thoughts and feelings, where the life really happens… I’ve always been there: Cheering for you, wishing your happiness.  I was sad when you looked sad and very happy when you looked happy. A large slice of my happiness is your condition of happiness. Nature, you have to do something. ‘Cause if you’ve heard an ‘I Love you’, if you’ve seen sweet eyes, I mean, those sweet eyes… You’ll understand what I'm saying.

terça-feira, 6 de maio de 2014

Ode à bar-ba-bár-ba-ra


Bar-ba-bár-ba-ra
De um bár-ba-ro viajante do mundo.
Metáfora concreta do homem menino,
Recente menino-homem, homem.

Só se pode tê-la arraigada e forte quando já se é.

Um homem de floresta masculina
Permeada por encantos, selvagens cantos
Por frescos rios que tomam fôlego
Alimentando a vegetação por-entre-onde serpenteia.

Vales. Montanhas. Abismos. Sombras. Suor.
Toque. Cheiro. Doce calor.
Mato molhado, verde sabor. E continua...

A perder-se em meio à floresta inexplorada
À margem, à fonte das águas
No reservatório-espelho
Onde a Lua beija a superfície do rio.
.Arrepio.

Avançando o extremo de seu próprio corpo
Que se perde do mundo
Entre a serrapilheira que recobre o véu da face.
E se torna o mundo. E é o mundo.

Deixar-se levar,
Apagar de todas as extremidades
Num fluxo único que roda-e-gira-
-e-gira-e-roda-
-e- roda-
-enlaça-...-

Atrás do descaso,
A floresta inexplorada se esconde
Junto à leve brisa afável e arfável,

Junto às gotículas orvalháticas
Da imensidão do ser-não-ser,
Do ser e do morrer,
Do paradoxal encontro com a máscula floresta

O homem que se trilha
E esconde o solo verdejante
Do menino-terra-imóvel-viajante

Em sua beleza profana.

Seis.de.maio.de.dois.mil.e.quatorze.