
Não me reconheço neste tempo-espaço
Sou deslocada deste algo
Que sem saber convencionaram
Para de nada adiantar
Não me reconheço neste tempo-espaço
Porque minha velocidade não é constante
E se distingue do ritmo
Das moléculas irmãs
Me perco neste tempo-espaço
E só me encontro nos pedaços de templo
Nas vias de imaginação
Ou nos momentos onde a matéria se liberta
Me perco neste tempo-espaço
E meus templos são os palcos de luz
Ou a luz de um túnel arfável
Entre braços quentes ou abraços apertados
Não me encontro neste tempo-espaço
E vivo na infinita busca de algo que não sei o que é
Mas que daqui não faz parte
Porque minha velocidade é inconstante
Não me encontro neste tempo-espaço
E tento entender este mundo
- inteligível -
Ou tento achar o caminho
Para este outro infinito
Não sou deste tempo-espaço
Mas amo cada partícula
Que dentro do mesmo meio
Estabeleceu seu leve contato comigo
Não sou deste tempo-espaço
Não reconheço pessoa, hora ou lugar
Sou a adaptação metamórfica de um estranho ser
Num ilógico lugar.
Tati Valença, set/2009