
Acho que não se deve ter medo das palavras. De fato elas podem ter um peso muito grande, uma profundidade feito um abismo, a expansão de um universo, mil traços de possíveis visões. Mas ela é uma extensão do pensamento ou do sentimento, quase como concretizar os fluidos invisíveis do mundo. Sim, palavra é a concretude como um tijolo jogado na mão de alguém. O problema não está em quem a profere, quem joga o tijolo, mas em como o tijolo é recebido. O receptor tem de estar preparado para recebê-lo, com sua bagagem de experiências e com as mãos postas e atentas a pegá-lo, caso contrário, o tijolo cai e quebra em mil pedacinhos, formando um mosaico de possíveis interpretações. E este pedreiro receptor, escolhe um deles para encaixar e construir uma casa deformada. A maior parte das pessoas deforma as palavras de quem profere por não saber o contexto em que se encaixam.
Eu não tenho medo das palavras, digo e prezo minha liberdade de dizê-las. Às vezes penso que não deveria ter dito uma ou outra, e por mais estranho que pareça, a maior parte das que eu duvido se deveriam ser ditas, ou não, são as doces e não as amargas. Mas prefiro duvidar das que eu disse do que deixar algumas por não dizer. O mundo tem que saber das coisas.
Digo mesmo, e digo com coragem e sem cautela, porque é tudo o que eu penso e sinto, é tudo o que é mutável, transcendente, e ainda digo por cima do que eu disse desdizendo tudo. Hipócrita é aquele que não diz o que pensa ou sente, porque as palavras feias e sujas dele ainda estão ali caladas. Covardemente.
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