"Que as palavras que eu falo não sejam ouvidas como prece e nem repetidas com fervor: apenas respeitadas, como a única coisa que resta a um[a mulher inundada] de sentimentos." (OM)

quarta-feira, 24 de março de 2010

O meu eu

Sim, eu sou introspectiva. Quem me vê assim jamais imagina principalmente duas coisas: A primeira é que (acredite ou não!) eu já fui muito mais extrovertida que a pessoa mais extrovertida que você já conheceu; a segunda é que eu sou muito mais liberal do que o amigo mais “brisado” que você tem.
O fato é que eu sou de diferentes formas, jeitos, personalidades. Mas isso não é assim sem lógica. O que acontece é que eu tenho o lado racional e o lado emocional ambos fortes, e eles então vivem uma briga interior da qual eu sou a vítima e a vilã.
Explico: meu lado racional é uma velha, só pisa em chão firme, é rebuscado, nostálgico, tem SEMPRE uma opinião e nunca a troca, tem alguns princípios em que acredita (e que são diferentes dos princípios de todas as outras pessoas, e são libertários também!) e os segue a risca, egoísta leve, inflexível, sistemático, decidido, insistente, e outras coisas mais.
Meu lado emocional é uma criança, totalmente impulsiva, simples, vive no mundo dos sonhos, nunca tem uma opinião certa, seus princípios são não ter princípios, muda a todo o momento, potentemente altruísta, desencanado, indeciso, flexível, mutável, ...
E nessas combinações eu sou de mil maneiras. O meu equilíbrio não é a metade de cada um, mas forma dois inteiros de si, o que o deixa desequilibrado. O meu equilíbrio não é metade, mas os dois opostos. Sou o sagrado e o profano, o anjo e o demônio, o bem e o mal, o sublime e o terreno, o dentro e o fora, a santa e a puta. Sou difícil de lidar e entender.
E por ser de diferentes formas, tenho vários pontos de vista, enxergo de outros ângulos que não os das pessoas comuns, e tenho facilidade em me colocar no lugar de qualquer outra pessoa/ser/coisa.
E as pessoas também me vêem de diferentes formas. Há quem diga que eu sou tímida, e há quem diga que não. Há quem diga que eu sou madura e mulher, e há quem diga que eu sou uma criança inocente e imatura. Há quem diga que eu sou um gênio e há quem diga que eu sou burra. Há quem diga que eu sou metida e há quem diga que eu sou absolutamente simples.
Esses dias uma das pessoas que mais me conhece me disse que às vezes acha que eu não sou/vivo nesse mundo. E na verdade é isso mesmo. Eu transito com facilidade por todos os lugares, do castelo mais alto a floresta mais obscura, e acabo por não me incluir em nenhum. Eu sou o tudo e o nada. Não sou daqui.
No entanto, se existe a tal missão, sei o que vim fazer aqui. Depois de anos de crise existencial, uma frase abriu minha mente “O ator não faz teatro para catequizar, mas para entender os seus questionamentos.” E era isso. A ciência e a arte: é assim que eu busco entender o lado racional e o lado emocional do mundo. Eu vim pra buscar, conhecer, entender, questionar.
As vezes eu tenho dificuldade em falar sobre mim e frequentemente sobre qualquer coisa que eu não tenha segurança. E as vezes eu tenho imensa facilidade em falar sobre mim e faço discursos imensos sobre o que eu tenho segurança. Mas eu tenho necessidade de comunicação, e quando não dá pra ser falada, ela é mil vezes mais escrita, mil vezes mais dita pelo olhar, gesto, expressa na minha face. Ou mesmo suspensa no ar, porque o que eu comunico às pessoas não chega a uma ínfima quantia do que eu penso.
As únicas coisas que permanecem são meu lado libertário e as minhas mudanças repentinas devido a essa eterna briga interior. Talvez a hora que alguém ler eu já tenha me arrependido de dizer coisas íntimas, talvez ninguém leia, e certamente ainda há muito mais o que eu gostaria de dizer. Uma frase resume tudo o que eu gostaria de dizer nesse momento:

Sou por fim uma contradição, um paradoxo de mim mesma.

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